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domingo, 1 de maio de 2016


Uma abordagem sobre os problemas ambientais gerados pelos
resíduos de uma queijaria
 

Rosélia Maria de Sousa Santos
Professora da rede privada, mestre em Sistemas Agroindustriais (UFCG-CCTA)
José Ozildo dos Santos
Professor da rede privada, mestre em Sistemas Agroindustriais (UFCG-CCTA)
Leandro Machado da Costa
Diplomado em Agroecologia pelo IFPB/Campus Picuí-PB
Aline Carla de Medeiros
Mestre em Sistemas Agroindustriais (UFCG-CCTA)
Debora Cristina Coelho
Mestre em Sistemas Agroindustriais (UFCG-CCTA)
Patrício Borges Maracajá
Professor D.Sc. da UFCG-CCTA (Pombal-PB) 

Resumo: Inicialmente, o consumo do queijo era algo restrito ao consumo familiar. Atualmente, encontra-se presente em bares, lanchonetes e restaurantes, constituindo-se numas das iguarias bastante consumidas no mundo inteiro.  Apesar de se constitui numa grande fonte de renda, a fabricação de queijo também pode causa impactos ambientais negativos, se o seu subproduto (soro de queijo) não tiver uma destinação adequada. Proporcionalmente, a geração de soro de uma queijaria artesanal varia de acordo com sua capacidade produtiva. A grande maioria das queijarias instaladas nas cidades do interior do nordeste brasileiro, principalmente, nas áreas urbanas, dispõe seus efluentes industriais (soro) na rede pública de esgoto, face não possui mercado para vender esse subproduto aos criadores de suínos na região, contribuindo para aumentar os impactos ambientais. Quando instaladas na zona rural, as queijarias conseguem destinar grande parte do soro à alimentação de suínos, gerando, assim, menos impactos ao meio ambiente, pela disposição final inadequada. Assim sendo, os impactos ambientais mostram-se mais presentes, quando estas unidades de produção encontram-se instaladas no espaço urbano. Diante dos graves problemas que podem ser gerados pela destinação inadequada dos resíduos resultantes da fabricação artesanal de queijo, torna-se necessário o desenvolvimento de novos modelos de gestão e de tecnologias, que permitam o tratamento e a destinação adequada dos efluentes, produzidos nesse setor, de modo a minimizar ou eliminar seus impactos.

Palavras-chave: Queijarias. Subprodutos. Danos ambientais.

1 Introdução

A produção artesanal de queijo é algo bastante antigo, que remota aos primórdios da humanidade, tendo sido iniciada, provavelmente, logo após a domesticação dos animais, principalmente, dos caprinos, ovinos e bovinos. Da antiguidade até o presente, o queijo tem passado por várias transformações, adquirindo diferentes formatos, sabores e aromas (VEIGA, 2012).
Inicialmente, o consumo de queijo era algo restrito ao consumo familiar. Atualmente, encontra-se presente em bares, lanchonetes e restaurantes, constituindo-se numas das iguarias bastante consumidas no mundo inteiro (DANTAS, 2012). Apesar de se constitui numa grande fonte de renda, a fabricação de queijo também pode causa impactos ambientais negativos, se o seu subproduto (soro de queijo) não tiver uma destinação adequada (JERÔNIMO et al., 2012).
Vários estudos demonstram que o soro de queijo pode ter utilização diversa, podendo ser utilizado como alimentação de suínos, na fabricação de doce de leite, etc. No entanto, nem todo o soro produzido nas queijarias, quando não utilizado como matéria prima, possui uma destinação final adequada, sendo lançados nas redes de coletas de esgotos ou diretamente no solo, causando graves problemas ambientais (SARAIVA et al., 2012).
Além do soro, a fabricação artesanal de queijo também gera resíduos sólidos, que como o principal subproduto dessa atividade, dificilmente possui uma destinação final adequada, gerando danos ambientais e encargos para a limpeza pública (JERÔNIMO; SANTIAGO JÚNIOR, 2012).
O presente trabalho, de natureza bibliográfica, tem por objetivo promover uma abordagem sobre os impactos ambientais, produzidos pela destinação final inadequadas dos resíduos provenientes das atividades desenvolvidas numa queijaria.  

2 Revisão de Literatura

2.1 O queijo enquanto produto alimentício: Um recorte histórico 

A princípio, o queijo era um produto que se limitava ao espaço familiar. No entanto, com a organização da sociedade, este produto passou a ser utilizado em outros espaços sociais a exemplo de bares e restaurantes, passando a ser considerado como fonte de renda, ensejando, assim, uma maior produção.
Derivado do leite, o queijo possui uma série de propriedades organolépticas e nutritivas, transformando-o num produto de grande aceitação no mercado, sendo, portanto, consumido de várias formas. E, para atender às exigências do mercado, vários também são os tipos de queijo produzidos, levando em consideração o sabor, a cor, a forma e seu aroma, objetivando satisfazer aos vários paladares dos consumidores (DANTAS, 2012).
É importante destacar que a grande aceitação e popularidade do queijo enquanto produto alimentício, não é recente. A História mostra que a origem do queijo se perde no tempo, constituindo-se num dos mais antigos alimentos preparados que se tem registro, com destaque para o queijo de coalho, que foi o pioneiro. Entretanto, quando se pesquisa a origem do queijo, é possível se encontrar várias versões. Algumas possuem caráter puramente mitológico.
Registra Veiga (2012) que segundo a mitologia, o queijo foi descoberto por Aristeu, um dos filhos de Apolo e Rei de Arcádia, acrescentando ainda que “achados arqueológicos revelam a existência de queijos feitos a partir de leite de vaca e de cabra de 6000 a.C. Passagens bíblicas registram o queijo como um dos alimentos dessa época”.
A origem precisa da fabricação artesanal de queijos é desconhecida. No entanto, acredita-se que esse processo tenha tido início por volta de 8.000 a.C., logo após a domesticação dos primeiros mamíferos, principalmente, dos bovinos, que além de servir como tração animal no processo de aragem da terra, passaram a ter a sua carne consumida. Posteriormente, o homem, que já utilizava o leite da vaca e da cabra como alimento, descobriu uma forma de aproveitá-lo no fabrico de queijos (SEBRAE, 2008).
Existem indícios de que foram os egípcios, os primeiros povos que criaram o gado bovino objetivando a retirada do leite para fins alimentares, e, posteriormente, passando-o a empregá-lo na produção dos primeiros queijos artesanais. Entre os egípcios era muito comum o consumo de queijo. Na tumba do faraó Tutancâmon (1500 a.C.), por exemplo, foi encontrado vestígio desse produto (BEUX, 2011).
Ainda segundo Veiga (2012), no continente europeu, foram os gregos os primeiros a inserir em seus cardápios o queijo produzido de leite de cabras e de ovelhas. No entanto, cabem aos romanos a divulgação do queijo, enquanto produto alimentício, pelo mundo, à medida em que seu Império ia se expandido.
Deve também acrescentar que foram os romanos os responsáveis por transformarem o queijo de simples alimento em uma iguaria, que passou a ser indispensável nas refeições dos nobres, bem como algo que era servido nos grandes. E, que foi na Roma, que o queijo passou a ser produzido de diversas formas, sendo um produto utilizado na alimentação dos soldados e atletas (VEIGA, 2012).
Durante muito tempo, o queijo foi produzido de forma rudimentar, a partir da coagulação do leite, sendo complemente desprovido de soro e sal. E essa condição passou a mudar a partir da Idade Média, quando os monges dos mosteiros católicos [aos quais a produção de queijo ficou restrita por muito tempo], passaram a desenvolver novas receitas de produção (SEBRAE, 2008). 
Deve-se ressaltar que a produção de queijo em massa somente teve início a partir do século XIX, após a instalação da primeira fábrica de queijo nos Estados Unidos, em 1851 (VEIGA, 2012).
O entanto, tem-se que reconhecer que com o desenvolvimento tecnológico, o queijo deixou de ser produzido de forma artesanal, ganhando formas mais sofisticadas de fabrico, objetivando atender aos paladares mais diversos e exigentes. Atualmente, no mercado mundial, de milhares de tipos de queijos são comercializados. E, como gozam de grande importância comercial, alguns tipos de queijo são produzidos através de fórmulas especiais, mantidas em segredo (DANTAS, 2012).
Especificamente no Brasil, a produção de queijo foi introduzida pelos dos portugueses, a partir do leite de cabra. E, posteriormente, com o leite da vaca, à medida que a pecuária passou a se expandir, auxiliando no processo de desbravamento dos sertões. No entanto, com a chegada dos primeiros imigrantes para trabalharem nas plantações de café, em São Paulo, o queijo produzido no Brasil ganhou novas formas e sabores, adaptando-se mais às formas de produção vigente na Europa, nos meados do século XIX (CASCUDO, 2010).
Atualmente, no Brasil, são produzidos inúmeros tipos de queijos, de forma artesanal e industrial, e o referido país figura como sendo o sétimo maior produtor de queijo do mundo, contando com grandes fábricas, que respondem por 30% da produção nacional de três milhões de toneladas por ano (DIAS, 2013). 

2.2 Aspectos gerais da produção artesanal da produção de queijo no Brasil
 
A produção artesanal de queijo no Brasil constitui-se em uma das principais atividades na agroindústria do país. Trata-se de uma atividade importante no que diz respeito à geração de renda e a uma melhor qualidade de vida para todos os envolvidos neste processo (SARAIVA et al., 2012).   
No caso específico do Brasil, o processo artesanal de produção de queijo varia de região para região, representando sempre uma alternativa bem sucedida de conservação e aproveitamento da produção leiteira regional, em áreas cuja geografia limita o escoamento dessa produção. Tal forma de produção constitui-se também num traço marcante da identidade cultural dessas regiões (BRASIL, 2011).
Na produção de queijo, o leite é matéria prima por excelência, o que faz com esse produto seja reconhecido por valor nutritivo. Por outro lado, quando se fala em produto artesanal, está se referido aquele que mantém características tradicionais, ligadas à cultura de uma determinada região.
Acrescenta Dantas (2012) que o Brasil, a produção artesanal de queijo, geralmente apresenta as seguintes características:
a) apresenta-se em pequena escola;
b) comercializada, na maioria das vezes, de maneira informal;
c) fica à margem da legislação vigente;
d) não possui controle de qualidade;
e) obedece a parâmetros fixados em regulamentos;
f) realizada de forma rudimentar.
Desta forma, verifica-se a produção artesanal de queijo no Brasil encontra-se relacionada a vários problemas, que vão desde a qualidade do produto à inobservância dos parâmetros legais estabelecidos, caracterizando-se também pela pouca utilização de tecnologia. 
 
2.3 Os resíduos resultantes da produção artesanal de queijo e sues impactos ambientais  

A produção artesanal de queijo gera uma quantidade considerável de resíduos, partindo do princípio de que para se produzir um 1 kg de queijo, de forma artesanal, os produtores utilizam entre 8 e 12 litros de leite, o que representa uma média de média 10 litros por quilo de queijo (QUEIROZ, 2008).
Complementando esse pensamento, Saraiva et al. (2013) afirmam a indústria queijeira além de representar um importante segmento do setor lácteo no Brasil, produz uma grande quantidade de soro, que é pouco aproveitado, representando um volume correspondente até 90% do volume de leite processado, contento, em média, 50% dos sólidos totais do leite.
Destacam Jerônimo et al. (2012) que as indústrias de laticínios geram os seguintes subprodutos, sob a forma de efluente industrial: o soro, o leitelho (do qual se retira a parte líquida para a produção do creme batido) e o leite ácido.
É importante ressaltar que dentre esses efluentes, o soro é o de maior importância, tanto pelo volume produzido, quando por suas próprias características como matéria-prima de qualidade, possível de reutilização, quanto pelo seu enorme poder poluente.
Imamura e Madrona (2008) afirmam que parte do soro produzido nas queijarias é destinada à alimentação de suínos ou direcionados a sistemas de tratamento de efluentes com baixa eficiência, gerando assim, graves problemas ambientais.
Um estudo realizado por Saraiva et al. (2012) demonstrou que muitos dos produtores artesanais de queijos, instalados, principalmente, na zona rural, lançam o solo de queijo diretamente no solo, sob o argumento de que este servirá como fertilizantes por conter uma grande quantidade de nutrientes.
No entanto, apesar de conter nutrientes, esse subproduto quando lançado em excesso pode causar impactos ambientais.  Nesse sentido, as águas residuárias agroindustriais são, em geral, ricas em nutrientes, podendo, assim, serem fonte de água e nutrientes para plantas.
No entanto, com bem observam Saraiva et al. (2012, p. 44): 

[...] a disposição de águas residuárias oriundas de atividades agroindustriais no solo, deve ser feita, de tal forma, que não venha a contribuir para o aumento dos problemas de qualidade ambiental, tais como contaminação de águas subterrâneas e superficiais, contaminação de plantas por metais pesados e trazer influências negativas sobre as características físicas e químicas do solo. 

Os questionamento levantados por Saraiva et al. (2012) devem ser levados em consideração ao soro de queijo. Sua utilização como fertilizante é possível. No entanto, no tempo certo e na medida. O excesso pode será impacto ambiental e contribuir para a contaminação dos cursos d’água, bem como do lençol freático.
Proporcionalmente, a geração de soro de uma queijaria artesanal varia de acordo com sua capacidade produtiva. A grande maioria das queijarias instaladas nas cidades do interior do nordeste brasileiro, principalmente, nas áreas urbanas, dispõe seus efluentes industriais (soro) na rede pública de esgoto, face não possui mercado para vender esse subproduto aos criadores de suínos na região (JERÔNIMO et al., 2012).
Quando instaladas na zona rural, as queijarias conseguem destinar grande parte do soro à alimentação de suínos, gerando, assim, menos impactos ao meio ambiente, pela disposição final inadequada. Assim sendo, os impactos ambientais mostram-se mais presentes, quando estas unidades de produção encontram-se instaladas no espaço urbano.
Um estudo realizado por Jerônimo et al. (2012) demonstrou que nenhuma das queijarias instaladas na cidade de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, possui um sistema pluvial alternativo, que proporcionar-se o aproveitamento ou desse um destino adequado às águas residuárias, de forma que todas as unidades produtivas de queijo, naquele município, adotavam a infiltração natural.
Numa outra pesquisa, também realizada no Rio Grande do Norte, Jerônimo e Santiago Júnior (2012) demonstraram que a maioria das unidades produtoras de queijo artesanal, não possuía sistema de gerenciamento de águas residuais e sanitárias, de forma que os resíduos sólidos eram destinados à rede pública de esgotos, sem qualquer tratamento.
Nessas unidades produtivas nordestinas, as águas utilizadas para a lavagem dos ambientes, principalmente, dos pisos, bem como das embalagens contendo leite, também não são destinadas um sistema de tratamento antes de sua disposição ao meio ambiente.
Esclarecem ainda Jerônimo e Santiago Júnior (2012), as águas residuárias oriundas das queijarias são contaminadas por componentes químicos, dentre os quais se destacam: CIP (hidróxido de sódio, ácido nítrico, água), cloro, detergentes e soda cáustica. 
Avaliando o desempenho da indústria queijeira no Brasil, Saraiva et al. (2012) mostram que várias instituições veem desenvolvendo pesquisas objetivando melhorar a qualidade do queijo artesanal. No entanto, muito pouco tem se sido discutido a problemática dos possíveis impactos ambientais que envolvem esse tipo de atividade.
Assim sendo, objetivando reduzir os impactos ambientais resultantes da destinação inadequada do soro de queijo, este vem sendo apresentado como matéria prima para a fabricação de doce de leite. Essa iniciativa é apresentada em vários estudos, inclusive por Barana et al. (2012), que destacam os ganhos econômico e sobretudo socioambientais.
Complementando esse pensamento, Batista et al. (2013) afirmam que a utilização do soro de queijo como matéria prima é uma excelente alternativa, pelo fato do mesmo possuir muitas qualidades nutricionais e de ser rico em proteínas.
Ao contrário do que se pensa, a unidades produtoras de queijo também gera resíduos sólidos, embora que em quantidade bastante pequena quando comparada à qualidade de resíduos líquidos.  Nesse sentido, Jerônimo et al. (2012) afirmam que esse tipo de atividade produz os seguintes tipos de resíduos sólidos:
a) aparas de queijo;
b) cinzas de caldeira;
c) embalagens de papel;
d) embalagens plásticas;
e) gorduras;
f) lixo doméstico.
Deve-se destacar que embora a quantidade de resíduos sólidos gerados nas indústrias de laticínios seja muito pequena, esta se apresenta bastante variada, em função de sua linha de produção.
Entretanto, à semelhança do que ocorre com o soro, nem sempre esses resíduos possuem uma destinação final adequada, sendo lançados diretamente em aterros ou queimados sem qualquer controle ou fiscalização. Noutro casos, a tais resíduos se dá o mesmo destino dado ao lixo doméstico, sendo colocado para coleta por parte dos órgãos encarregados pela limpeza pública.
Outro problema ambiental resultante a indústria de queijaria, diz respeito às emissões atmosféricas. Nas unidades de produção artesanal de queijo de manteiga, utiliza-se com grande frequência a madeira como combustível para as caldeiras. E, em tais unidades produtivas, principalmente as localizadas no nordeste brasileiro, praticamente não existe nenhum sistema de tratamento para os gases liberados, de forma que não preocupação em relação à poluição atmosférica.
Como alternativa à redução da lenha utilizada nas caldeiras das queijarias, poderia ser utilizado placas de captação de energia solar para pré-aquecer a água utilizada nesses equipamentos, reduzindo, assim, o corte de árvores para a produção de lenha (JERÔNIMO et al., 2012).
Por outro lado, tais unidades de produção também podem fazer uso de combustível alternativo, a exemplo de castanha de castanha de caju, e, se for ou caso, de briquetes, cuja produção já é uma realidade no interior do Nordeste. 

3 Considerações Finais 

A indústria de queijaria gera uma quantidade considerável de soro. Grande parte desse subproduto, dependendo da localização das queijarias e da existência de criações de suínos nas proximidades, é destinada à essa atividade agropecuária. No entanto, a inexistência de criadores de suínos na região, faz com grande parte desse subproduto seja lançada no meio ambiente sem nenhum tratamento, gerando, assim, uma série de consequências ambientais, tendo em vista a sua composição química. 
Diante dos graves problemas que podem ser gerados pela destinação inadequada dos resíduos resultantes da fabricação artesanal de queijo, torna-se necessário o desenvolvimento de novos modelos de gestão e de tecnologias, que permitam o tratamento e a destinação adequada dos efluentes, produzidos nesse setor, de modo a minimizar ou eliminar seus impactos.
Até o presente, poucas as alternativas apresentadas capazes de contribuir para a redução dos impactos ambientais proporcionados pela indústria queijeira. No entanto, tem se estimulado a utilização racional do soro de queijo como matéria prima na produção de doce de leite, gerando benefícios para indústrias e para o meio ambiente, bem como atendo às necessidades dos consumidores. Entretanto, o desenvolvimento de tal produto exige investimentos. No entanto, pesquisas realizadas nesse sentido, demonstram a viabilidade dessa iniciativa.
Um fato positivo a ser considerado em relação ao meio ambiente com a reutilização do soro de queijo, é que uma grande quantidade de água dos mananciais, bem com o próprio solo, deixara de ser contaminada por esse subproduto.
Através da revisão de literatura produzida pode-se constar que a indústria de queijaria também produz resíduos sólidos. Além de serem em pequena quantidade, tais resíduos possuem natureza reciclável. As aparas de queijo podem ser utilizadas na alimentação humana e comumente, no sertão nordestino são comercializadas junto às populações de baixo poder aquisitivo. As cinzas das caldeiras podem ter utilização da agricultura.
Já as embalagens de papel e plásticas, possuem amplo mercado. Quanto ao lixo doméstico, este pode passar por um processo de seleção, separando, principalmente, aquilo que é orgânico. E, quanto às gorduras, estas podem ser comercializadas para as pequenas fábricas de sabão. Desta forma, verifica-se que nada que é resultante do processo de produção do queijo se perde. E, o que necessita de fato é o desenvolvimento de novas tecnologias que possam ser utilizadas nesse tradicional setor de produção.

4 Referências 

BARANA, A. C.; LIMA, R. C.; BOTELHO, V. B.; SIMÕES, D. R. Desenvolvimento de uma bebida láctea fermentada feita com soro ácido de queijo quark. Revista Verde, Mossoró, v. 7, n. 5, p. 13-21, dez. 2012 (Edição Especial).  

BATISTA, L. C.; MORAES, N. A. C.; ABRAÃO, J. S.; NACHTIGALL, A. M.; SILVA, D. B.; VILAS BOAS, B. M.; COLPA, P. C. Aproveitamento de soro de queijo: aceitação em doce de leite pastoso. V Jornada Científica e Tecnológica, 06 a 09 de novembro de 2013. Inconfidentes – MG. Anais Eletrônicos

BEUX, S. Tecnologia de leite e derivados. Curitiba: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2011.

BRASIL. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Modo artesanal de fazer queijo de Minas, nas regiões do Serro e das serras da Canastra (2011).  

CASCUDO, L. C. História da alimentação no brasil. 5. ed. São Paulo: Global, 2010. 

DANTAS, D. S. Qualidade microbiológica do queijo de coalho comercializado no município de Patos, Paraíba. Dissertação (Mestrado). 79 p. Universidade Federal de Campina Grande. Patos-PB, 2012.  

DIAS, J. C. As peripécias do queijo no Brasil. Revista Isto É - Dinheiro rural. São Paulo: Edição n. 72, outubro, 2013. 

IMAMURA, J. K. N.; MADRONA, G. S. Reaproveitamento de soro de queijo na fabricação de pão de queijo. Revista em Agronegócio e Meio Ambiente, Marin, v. 1, n. 3, p. 381-390, 2008.  

JERÔNIMO, C. E. M.; COELHO, M. S.; MOURA, F. N.; ARAUJO, A. B. A. Qualidade ambiental e sanitária das indústrias de laticínios do município de Mossoró-RN. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 7, n. 7, p. 1349-1356, mar-ago, 2012.  

JERÔNIMO, C. E. M.; SANTIAGO JÚNIOR, A. F. Desafios da administração ambiental publica: Estudo de caso do município de Espírito Santo/RN. Revista de Administração de Roraima - RARR, Boa Vista-RO, v. 2, n. 1, p 136-146, jan-jun., 2012.  

QUEIROZ, A. A. M. de. Caracterização molecular de bactérias ácido láticas com potencial tecnológico para produção de queijo de coalho no Ceará.  Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias. Depto. de Tecnologia de Alimentos, Dissertação (mestrado) - Fortaleza, 2008.

SARAIVA, C. B.; MAGALHÃES, F. A. R.; MOREIRA, S. O.; BARROS, S. O. Aspectos ambientais da produção do queijo Minas artesanal. Revista do Inst. Latic. ‘Cândido Tostes’, n. 38 v. 6, p. 41-47, 2012.

SEBRAE- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Queijos nacionais: estudos de mercado. São Paulo: SEBRAE/ESPM, 2008.  

VEIGA, S. N. T. Qualidade microbiológica e físico-química de queijos comercializados em Portugal. Dissertação (mestrado). 123 p. Universidade Técnica de Lisboa. Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa, 2012.  

terça-feira, 17 de março de 2015

A NECESSIDADE DE UMA NOVA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PRÁTICA


Rosélia Maria de Sousa dos Santos
Mestranda em Sistemas Agroindustriais (UFCG)
José Ozildo dos Santos
Mestrando em Sistemas Agroindustriais (UFCG)
Dilermando Simões Dantas
Médico veterinário, mestre em Zootecnia (UFCG),
Almair de Albuquerque Fernandes
Mestre em Sistemas Agroindustriais (UFCG)
Marcos Antônio Duvirgens Gomes
Aluno do Curso de Gestão Pública (UNINTER)
 
Resumo: Trata-se de um artigo de revisão que tem por objetivo mostrar a necessidade de uma nova conscientização ambiental. E, que esse objetivo pode ser atingido através da educação ambiental como prática. No mundo atual, caracterizado pelo processo de globalização, no qual, praticamente não existe outra preocupação há não ser aquela de natureza econômica, o homem vem explorando de forma excessiva os recursos naturais, colocando em risco a sua própria espécie. Na atualidade, mais do que nunca, é preciso que o homem e a sociedade como um todo, adquira uma conscientização ecológica, firmando no princípio de que é preciso preservar a natureza para que a vida na terra continue existindo. Através da Educação Ambiental (EA) é possível compreender melhor as interrelações entre o homem e o ambiente. Com ela é possível não somente conscientizar, mas mostrar o ser humano a sua responsabilidade para com a natureza e dimensionar o tamanho do dano já causado pelo homem o maio ambiente. Para tanto, a escola, em sua proposta pedagógica deve priorizar questões atuais, a exemplo da problemática do meio ambiente, possibilitando que seus alunos tenham as melhores informações sobre o referido tema e adquiriram os conhecimentos necessários para das discussões em sociedade, que o referido tema requer. A educação ambiental trata de uma mudança de paradigma que implica tanto uma revolução científica quanto política. A educação ambiental, não somente pode educar para a cidadania, como também pode contribuir para a coletividade consciente de seu papel como responsável pela preservação do mundo que habita.
 
Palavras-chaves: Conscientização Ambiental. Papel da Escola. Cidadania.
 
 
1 Introdução
 
      No mundo atual, caracterizado pelo processo de globalização, no qual, praticamente não existe outra preocupação há não ser aquela de natureza econômica, o homem vem explorando de forma excessiva os recursos naturais, colocando em risco a sua própria espécie.
Na atualidade, mais do que nunca, é preciso que o homem e a sociedade como um todo, adquira uma conscientização ecológica, firmando no princípio de que é preciso preservar a natureza para que a vida na terra continue existindo.
Entretanto, deve-se registrar que a preocupação com a depredação do Meio Ambiente natural é insuficiente se esta não estiver intimamente ligada à mudança de posturas e a novas formas de desenvolvimento, em relação à produção de suas necessidades e de sua relação com os homens.
Assim, diante da complexidade das questões ambientais, dos atuais estilos de vida inseridos no processo de globalização, é patente a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para se trabalhar a Educação Ambiental.
O presente estudo, no qual adotou-se como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfico, tem por objetivo mostrar a necessidade de uma nova conscientização ambiental. E, que esse objetivo pode ser atingido através da educação ambiental como prática. 

2 Revisão de Literatura
2.1 A necessidade de uma nova conscientização ambiental

No contexto atual, é necessário que o homem tenha uma consciência ecológica sólida e entenda que a melhor maneira de se explorar o meio ambiente é buscando uma harmonia entre este e o desenvolvimento. Assim sendo, é preciso que o homem atual seja consciente de que pode, de forma racional, utilizar-se dos recursos naturais, sem, contudo, destruir a natureza.
Explica Guimarães (2001) que:

A ausência de uma consciência holística e, portanto, ecologicamente equilibrada vem transformando a face do planeta neste último decênio num verdadeiro caldeirão de contradições que ao um só tempo, põem por terra a pretensa racionalidade do homem na escala evolutiva animal. O aquecimento global, os terremotos, furacões e ciclones, o aumento da desertificação, o assoreamentos dos rios, o desmatamento, a poluição nos seus mais diversos aspectos, a fome, a extinção de espécies animais, a falta de água doce entre outros acontecimentos diretamente ligados à devastação indiscriminada da natureza, não são assuntos estranhos para a humanidade, uma vez que vários alertas foram feitos por meio da comunidade científica e ambientalista de várias partes do mundo; o que falta em essência é o despertar da consciência crítica e coletiva dos povos, em relação à perspectiva de futuro da espécie hoje seriamente ameaçada pelo desejo alucinado do lucro imediato.

Na atualidade, nota-se que o homem tem caminhado para a consciência da necessidade de uma exploração racional no interesse da sua própria economia. Os planos de desenvolvimento econômico de muitos países já conciliam as trans­formações inevitáveis dos meios naturais com a conservação ambiental, configurando-se o que frequentemente é chamado de desenvolvimento.

2.2 O surgimento da educação ambiental
 
No mundo atual, os temas ambientais estão presentes nas manchetes de jornais, nos programas de televisão, artigos de revistas, em palestras, congressos, campanhas populares, marketing de empresas e planos de governo. Isso demonstra que o debate sobre os problemas ambientais e a necessidade de encontrar soluções para os mesmos, torna-se cada vez mais urgente na sociedade contemporânea (FIGUEIREDO, 2004).
Os problemas ambientais atingem os interesses e as necessidades das pessoas, independente da profissão e classe social, sensibilizando-as a tomarem consciência de que tais problemas vão se somando e agravando à proporção, que o progresso avança.
De acordo com Souza (2001):
 

[...] essas questões passaram a ter importância somente quando, de um lado, a ameaça de risco à segurança e à qualidade de vida atingiu as classes médias e, de outro, quando se passaram a contabilizar as perdas nas esferas de produção provocadas pela sua não preservação e pelos imensos custos provocados pelo colapso ambiental.
 
As soluções para os problemas ambientais somente serão possíveis se houver envolvimento e participação de toda a sociedade juntamente com o apoio de políticas públicas condizentes, pois tais problemas não podem ser resolvidos individualmente, nem por movimentos isolados das comunidades.
Por isso, Souza (2001) afirma que: 

O ‘meio socioeconômico’ deve ser, de alguma forma, um aspecto central das discussões ambientais, pois o que está em jogo não é simplesmente a preservação, mas sim como os homens, de forma individual ou em grupos, ao apropriarem-se da natureza para satisfazerem as suas necessidades, estabelecem formas diversas de conflitos expressos na segregação dos benefícios que o bem-estar deveria lhes proporcionar. 

Nesse sentido, cabe ao homem atual conscientizar-se de que ele é parte do próprio meio, de tal forma que se ele continuar explorando de forma excessiva os recursos naturais, sem uma preocupação em preservar o meio ambiente, no futuro, até ele próprio estará entre as espécies em extinção.
Dissertando com a necessidade de uma consciência ecológica, Viola (1987) afirma que “o comportamento predatório não é novo na história humana, não se restringe nem ao fim do século XX e nem aos últimos dois séculos de industrialização, o que é novo é a escala dos instrumentos de predação, cujo símbolo máximo é as armas nucleares”.
Entretanto, foi somente após sentir na pele os efeitos da contaminação ambiental, causada por diversos fatores, que os seres humanos começaram a adquirir a autoconsciência das possibilidades de destruição do planeta. E, com esse despertar, lançou-se as sementes da Educação Ambiental, tão necessária na atualidade.
 

2.3 Conceituando educação ambiental (EA)
 

Atualmente, a Educação Ambiental é um tema bastante discutido tanto no meio acadêmico como em diversos segmentos da sociedade organizada, existindo, portanto, várias definições sobre a mesma. No entanto, todas, de forma direta ou indireta, apresentam a necessidade de formar no aluno uma consciência quanto à importância da preservação do meio ambiente.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997): 

Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. 

A Educação Ambiental é uma forma abrangente de educação, que através de um processo pedagógico participativo permanente, procura incutir no educando e na sociedade, de forma geral, uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, despertando esses segmentos quanto à necessidade de se promover a preservação da natureza.
De acordo com Figueiredo (2004): 

A educação ambiental é um processo que visa formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permitam trabalhar individual e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam. 

No âmbito educacional, a educação ambiental deverá ser trabalhada na escola como processo educacional em todas as instâncias de formação e disciplinas do currículo, integrando-se ao processo educacional como um tema transversal, conforme expressam os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997).
No âmbito social, ela deve ser abordada através de campanhas de esclarecimentos, veiculadas através dos mais variados meios de comunicação, mostrando à população a necessidade de preservar a natureza como um todo (FIGUEIREDO, 2004).
A Educação Ambiental possibilita a construção do conhecimento, proporcionando ao ser humano uma compreensão crítica global do ambiente, sendo, portanto, uma das alternativas de transformação de paradigmas com a construção de uma consciência coletiva volta para a preservação do meio ambiente. 
Nesse mesmo sentido, destaca Leff (2002) que:  

A educação ambiental se fundamenta em dois princípios básicos: uma nova ética que orienta os valores e comportamentos para os objetivos de sustentabilidade ecológica e a equidade social; uma nova concepção do mundo como sistemas complexos, a reconstituição do conhecimento e o diálogo de saberes. 

A Educação Ambiental traz para o ser humano uma nova ética ao mesmo tempo em que mostra a necessidade de uma conscientização coletiva, pautada num princípio que mostra que todo ser humano possui sua responsabilidade a cumprir para com o meio ambiente. Na opinião de Quintas (2001), à educação ambiental cabe: 

[...] principalmente, promover a mudança de comportamento do sujeito em sua relação cotidiana e individualizada com o meio ambiente e os recursos naturais, objetivando a formação de hábitos ambientalmente responsáveis no meio social. Essa abordagem evidencia uma leitura acrítica e ingênua da problemática ambiental e aponta para uma prática pedagógica prescritiva e reprodutiva. Assim, a transformação da sociedade seria o resultado da transformação individual dos seus integrantes. 

Diante disso, entende-se que é necessário efetivar a Educação Ambiental no processo educativo, objetivando formar cidadãos conscientes, capazes de decidirem e atuarem na realidade socioambiental de uma forma mais comprometida com a vida e o bem-estar de todos.
Contudo, esse processo de efetivação da ED deve envolver a sociedade como um todo, cuja conscientização da necessidade de preservação do meio ambiente sob todos os aspectos deve ser incentivada e promovida através de todos os segmentos da mídia. Tal missão, não é apenas uma tarefa dos organismos de governo, deve ser um compromisso de todos os segmentos da sociedade organizada, organizações não governamentais, conselhos de preservação do meio, etc. 

2.4 O caráter interdisciplinar da educação ambiental 

É consenso entre os teóricos, que o ensino apresenta melhores resultados, quando, de forma geral, trabalha-se em sala de aula a interdisciplinaridade. Embora não sendo conteúdo específico de sua disciplina, o professor pode e deve trabalhar a Educação Ambiental em sala de aula. Se assim fizer, estará dando uma excelente contribuição ao ensino aprendizagem, possibilitando aos seus alunos os conhecimentos necessários para que os mesmos possam entender melhor o mundo que existe em sua volta. 
Em seu contexto, a Educação Ambiental encontra-se vinculada a diversos valores tais como: cooperação, solidariedade, respeito mútuo, responsabilidade individual e coletiva, participação, comprometimento e coletividade (QUINTAS, 2001).
Independentemente da disciplina, temas com Educação Ambiental, Orientação Sexual, Cidadania e Ética, devem ocupar espaços privilegiados nas salas de aula, tanto no ensino fundamental como no ensino médio.
Nesse sentido, deve-se lembrar que a opção pelo trabalho com o tema meio ambiente traz a necessidade de aquisição de conhecimento e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um trabalho adequado junto aos alunos.
De acordo com Medina e Santos (1999): 

A EA não consiste simplesmente em dar um trato mais adequado às questões ambientais que já estão presentes (muitas vezes de maneira mais implícita que explícita) nos conteúdos curriculares de várias disciplinas, ou introduzir componentes ambientais a certas disciplinas, dando prioridade às ciências naturais e em particular à ecologia ou à geografia como campos interdisciplinares por natureza... se trata de construir um saber ambiental que se defina em relação a cada uma das disciplinas já constituídas, através de um processo social de produção do conhecimento 

Diante desta constatação, percebe-se a Educação Ambiental possui um caráter interdisciplinar. Desse modo, sua efetivação proporciona uma maior contribuição ao processo de compreensão dos problemas ambientais, sob seus diferentes pontos de vista. Nesse sentido, reconhecer o caráter interdisciplinar da educação ambiental é aproximar-se dos valores e da complexidade do real.
Através da Educação Ambiental (EA) é possível compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente. Pois, através dela é possível não somente conscientizar, mas mostrar o ser humano a sua responsabilidade para com a natureza e dimensionar o tamanho do dano já causado pelo homem o maio ambiente.
Para tanto, a escola, em sua proposta pedagógica deve priorizar questões atuais, a exemplo da problemática do meio ambiente, possibilitando que seus alunos tenham as melhores informações sobre o referido tema e adquiriram os conhecimentos necessários para das discussões em sociedade, que o referido tema requer. 

2.6 Educação ambiental no contexto atual 

Na atualidade, o homem possui um grande desafio de criar uma sociedade ambientalmente sustentável, garantindo às gerações futuras o direito a uma existência segura. Noutras palavras, é preciso mudar a realidade atual, pautada pela degradação ambiental, pelo risco de colapso ecológico e pelo avanço da desigualdade social e da pobreza.
Concordando com esse pensamento Morais (2002) observa que: 

Não podemos deixar como herança aos nossos descendentes um planeta de cimento, sem sentimento; um mar de água poluída; um planeta transformado em imensa lixeira; um planeta distante da sua capacidade de suporte. Porque segundo a Hipótese de Gaia, a Terra, enquanto ser vivo em evolução é capaz de tirar de circulação aquela espécie que ameaça a sua continuidade. Salvar a Terra corresponde em salvar a própria espécie Homo Sapiens. 

A transformação da realidade atual somente será possível a partir do momento em que a Educação Ambiental passar a ser efetivada, deixando de ser apenas um tema dos discursos acadêmicos e se transforme numa ferramenta de mudanças. Ela possui um caráter interdisciplinar, que permite aos seres humanos conhecer as leis que regem a natureza, bem como compreender as relações e interações existentes entre eles, os demais seres vivos e o próprio ambiente.
Afirma Tozoni-Reis (2004) que: 

As discussões sobre a Educação Ambiental no mundo contemporâneo estão relacionadas às questões ambientais mais amplas, que têm feito parte das preocupações dos mais variados setores da sociedade. Apesar das diferentes abordagens com que têm sido tratadas essas questões, todas as discussões apontam para a necessidade de políticas públicas de Educação Ambiental. 

Através da Educação Ambiental pode-se construir uma consciência comunitária, mostrando como se viver em acordo com o seu meio ambiente, modificando o comportamento e os hábitos das pessoas, pois ela permitir a compreensão da complexidade do meio ambiente. E, por outro lado, mostra como o ser humano, de forma racional, deve utilizar dos recursos do meio para satisfazer suas necessidades.
Ainda segundo Quintas (2001):  

[...] o esforço da educação ambiental deveria ser direcionado para a compreensão e a busca de superação das causas estruturais dos problemas ambientais por meio da ação coletiva e organizada. Segundo essa percepção, a leitura da problemática ambiental realiza-se sob a ótica da complexidade do meio social e o processo educativo deve pautar-se por uma postura dialógica, problematizadora, comprometida com transformações estruturais da sociedade e de cunho emancipatório. Aqui se acredita que ao participar do processo coletivo de transformação da sociedade a pessoa também se estará transformando. 

Nesse sentido, a Educação Ambiental não somente é vista como uma ferramenta de mudanças, mas como um instrumento construtor da própria consciência humana, capaz de fazer do ser humano um construtor/fiscal de um mundo, no qual nas ações relacionadas ao desenvolvimento econômico, sejam sempre pautadas na sustentabilidade.
Diante desta realidade, entende Meller (1997) que “a Educação Ambiental não deve ser uma disciplina, mas uma expressão relacionada ao campo pedagógico que reflete a interdisciplinaridade de conteúdos de diferentes áreas do conhecimento, devendo permear o currículo escolar como um Tema Transversal”.
Uma das propostas implantada pelo MEC, nos Parâmetros Curriculares Nacionais é que, além de informações e conceitos, a escola e seus professores, se proponham a trabalhar com atitudes, formação de valores, e também o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos (BRASIL, 1997).
No Brasil, a Educação Ambiental foi assumida como obrigação constitucional. Assim, considerando que o processo educativo pode contribuir para a superação do quadro atual de degradação da natureza, a escola, enquanto instituição, deve está preparada para incorporar a temática ambiental em seu currículo. Pois, esta “ainda é o lugar mais adequado para trabalhar a relação homem-ambiente-sociedade, sendo um espaço adequado para formar um homem novo, crítico e criativo, com uma nova visão de mundo que supere o antropocentrismo” (MELLER, 1997).
Apesar de alguns avanços, a política federal para a Educação Ambiental ainda carece de maior articulação entre os setores governamentais e não governamentais, para que políticas específicas sejam efetivamente implementadas.
Diante da atual situação, o Brasil está longe de resolver adequadamente a questão ambiental, uma vez que os brasileiros foram deseducados quanto à compreensão dos problemas do Meio Ambiente.
Em síntese, a educação ambiental como uma ação destinada a reformular comportamentos humanos, pode proporcionar a conscientização para a preservação do meio ambiente, por ser “um processo educativo fundamental para garantir um ambiente sadio para todos os homens e todas as formas de vida” (TOZONI-REIS, 2004). 

3 Considerações Finais 

No contexto escolar, a Educação Ambiental possui uma grande importância, apesar de sua introdução ser recente. No entanto, a mesma deve continuar além da escola. Diante desta realidade, vê-se a importância que tal disciplina ocupa na formação do aluno. Pois, ela possibilita uma visão cidadão de vida.
O processo educativo tem que acompanhar a evolução da concepção sobre o papel da escola, suas relações com a sociedade e com a mudança das exigências do mundo. Por isso, a Educação Ambiental não deve ser uma disciplina isolada: ela deve envolver todo o contexto escolar.
Por isso, trabalhar a Educação Ambiental a partir de eixos temáticos, exige do professor pesquisa, trabalho em equipe, criatividade, entre outros atributos. A princípio, isto pode provocar atitudes de medo, insegurança, recusa e, até mesmo, insatisfação e indisponibilidade. No entanto, é um trabalho que precisa ser feito.
Uma missão dessa natureza exige, por parte do professor uma redefinição de seu papel, de sua forma de trabalho. É importante que ele reconheça que a Educação Ambiental é complexa, sendo necessário várias áreas do conhecimento humano para lhe dar o suporte necessário, ou seja, as condições teóricas e metodológicas necessárias à sua efetivação.
A educação ambiental, tratada como tema transversal, deverá ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente. A educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos.
A educação ambiental trata de uma mudança de paradigma que implica tanto uma revolução científica quanto política. A educação ambiental, não somente pode educar para a cidadania, como também pode contribuir para a coletividade consciente de seu papel como responsável pela preservação do mundo que habita.Esta, deve considerar o Meio Ambiente em sua totalidade, levando em conta a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade.
Assim, a Educação Ambiental deve promover o desenvolvimento de uma compreensão integrada do Meio Ambiente, em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo todos os aspectos da vida humana.
As dificuldades que se colocam para a Educação Ambiental, enquanto prática dialógica e crítica, são a falta de recursos, alegada pela maioria dos professores da escola pública e as falhas no processo de formação para atuar como educadores ambientais, verificadas pelos professores de ambas as redes de ensino.
Se toda comunidade escolar não se sensibilizar com as questões socioambientais, vivenciadas cotidianamente, não haverá mudança de comportamento. Este é o papel do educador ambiental: sensibilizar as pessoas para que elas interiorizem os seus problemas mais próximos e adotem atitudes para solucioná-los.
No entanto, a Educação Ambiental não é a solução para todos os problemas ambientais, pois estes têm suas raízes em questões econômicas, políticas, dentre outras, e que há conflitos de interesses entre os vários setores envolvidos.
Apesar disso, não se pode negar que a Educação Ambiental se constitui em um movimento ético e histórico de suma importância para a construção de uma consciência ambiental natural e cultural. Desta forma, percebe-se que a dificuldade em se estabelecer uma prática adequada de Educação Ambiental não se limita apenas aos fatores estruturais. 

4 Referências


BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente e saúde. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 

FIGUEIREDO, Sandra Araújo. Proposta curricular: educação ambiental. Brasília: MEC, 2004. 

GUIMARÃES, Roberto P. A ética da sustentabilidade e a formulação de políticas de desenvolvimento: Um debate sócio ambiental no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abrano, 2001. 

LEFF, E. Saber Ambiental: Sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 2 ED. Petrópolis: Vozes, 2002. 

MEDINA, N. Mininni; SANTOS, E. C. Educação ambiental: Uma metodologia participativa de formação. Petrópolis: Vozes, 2000. 

MELLER, C. B. Educação ambiental como possibilidade para superação da fragmentação do trabalho escolar. In: Espaços da Escola, Itajaí, v. 4, n. 26, p. 39-49, 1997. 

MORAIS, Carlos Antônio de. Meio ambiente: questões atuais. São Paulo: Nova Era, 2002. 

QUINTAS, José Silva. Educação ambiental e cidadania: uma construção necessária. In: Ciclo de palestras sobre meio ambiente. Brasília: MEC/SEF, 2001, p. 41-46. 

SOUZA, Geraldo O. C. Cidade, meio ambiente e modernidade. In: SPOSITO, M. E. B. (Org.). Urbanização e cidades: perspectivas geográficas. Presidente Prudente: GASPERR, 2001. p.253-279.

TOZONI-REIS, M. F. C. Educação ambiental: natureza, razão e história. Campinas-SP: Autores Associados, 2004, p. 172. 

VIOLA, Eduardo. O movimento ecológico no Brasil (1974-1986), do ambientalismo à ecopolítica. In: J. Augusto Pádua (org.) Ecologia e política no Brasil. Rio de Janeiro, Ed. Espaço e Tempo. 1987.

 
ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE - REBES (Pombal – PB, Brasil), v. 3, n. 2, p. 28-33 abr.-jun., 2013