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sábado, 8 de dezembro de 2012

MEIO AMBIENTE - FICHAMENTOS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente, saúde. Brasília: MEC/SEF, 1997.

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O uso da temática ambiental por muitos agentes e, em especial, pelos meios de comunicação, tem levado à formação de alguns preconceitos e à veiculação de algumas imagens distorcidas sobre as questões relativas ao meio ambiente. Às vezes essas distorções ocorrem por falta de conhecimento, o que se justifica diante da novidade da temática. Mas outras vezes são provocadas, propositadamente, para desmobilizar movimentos, para prejudicar a imagem dos princípios e valores ambientais.

Pág. 34
Atualmente grande parte dos ambientalistas concorda com a necessidade de se construir uma sociedade mais sustentável, socialmente justa e ecologicamente equilibrada. Isso significa que defender o meio ambiente, hoje, é preocupar-se com a melhoria das condições econômicas, especialmente dos que se encontram em situação de pobreza ou miséria, que é a grande maioria da população mundial, de acordo com dados da ONU.

Pág. 35
A opção pelo trabalho com o tema Meio Ambiente traz a necessidade de aquisição de conhecimento e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um trabalho adequado junto dos alunos. Pela própria natureza da questão ambiental, a aquisição de informações sobre o tema é uma necessidade constante para todos. Isso não significa dizer que os professores deverão “saber tudo” para que possam desenvolver um trabalho junto dos alunos, mas sim que deverão se dispor a aprender sobre o assunto e, mais do que isso, transmitir aos seus alunos a noção de que o processo de construção e de produção do conhecimento é constante.

Pág. 51
O trabalho com o tema Meio Ambiente deve ser desenvolvido visando-se proporcionar aos alunos uma grande diversidade de experiências e ensinar-lhes formas de participação, para que possam ampliar a consciência sobre as questões relativas ao meio ambiente e assumir de forma independente e autônoma atitudes e valores voltados à sua proteção e melhoria.

Pág. 53
O desenvolvimento de uma proposta com o tema Meio Ambiente exige clareza sobre as prioridades a serem eleitas. Para tanto, é necessário levar em conta o contexto social, econômico, cultural e ambiental no qual se insere a escola. A realidade de uma escola em região metropolitana, por exemplo, implica exigências diferentes daquelas de uma escola da zona rural. Da mesma forma, escolas inseridas em ambientes mais saudáveis, sob o ponto de vista ambiental, ou em ambientes muito poluídos deverão eleger objetivos e conteúdos que permitam abordar esses diferentes aspectos. Também os elementos da cultura local, sua história e seus costumes irão determinar diferenças no trabalho com o tema Meio Ambiente em cada escola.

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FIGUEIREDO, Paulo Jorge Moraes. Sustentabilidade ambiental: aspectos conceituais e questões controversas. In: Ciclo de palestras sobre meio ambiente. Brasília: MEC/SEF, 2001, p. 27-31.

Pág. 27
O debate ambiental da atualidade tem como elemento central a evidência de que a dinâmica imposta pelo homem no planeta não se sustenta a longo prazo e, em decorrência, há de se buscar modelos de sociedade compatíveis com os limites ambientais.

Pág. 28
No âmbito da civilização humana, as sociedades contemporâneas têm sido amiúde ignorantes ou negligentes acerca das irreversibilidades ambientais decorrentes de suas ações. A intensa utilização de elementos não-renováveis e a contínua e generalizada degradação ambiental evidenciam essa característica. Tendo na economia seu valor maior, as sociedades contemporâneas desconhecem os conceitos de entropia e de irreversibilidade.

Pág. 31
O debate ambiental estabelecido no Brasil e em outros países destaca as influências ambientais associadas ao estilo de vida das nações ricas e questiona quão realista é a proposta de outras nações de todas as nações adotarem os modelos de desenvolvimento das nações ricas, tomando como referência seus padrões de qualidade de vida, seus valores sociais e suas dinâmicas.

Pág. 33
Atualmente [...] a economia representa um papel de destaque nas relações entre os povos. Considerando que o capital, além de flexível, tem grande mobilidade nas relações em um mercado aberto, o tradicional nacionalismo precisa ser repensado, mesmo porque o conceito de riqueza nacional a ser protegida dentro das fronteiras dos países já não é o mesmo de décadas anteriores.

Pág. 35
A questão central do debate ambiental de nossos dias está relacionada à velocidade e à intensidade das transformações do ambiente natural impostas pela dinâmica das sociedades contemporâneas, incompatível com a manutenção ou a reprodução da capacidade de suporte global, o que por sua vez implica a redução das possibilidades das futuras gerações. Assim, importa não apenas a intensidade dos efeitos predatórios que promovem a contínua extinção das espécies, mas também a rapidez das transformações impostas pela atual racionalidade econômica que torna impossível qualquer adaptação e evolução gradual das espécies.

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PADUA, Suzana Machado Padua. A Educação Ambiental: um caminho possível para mudanças. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Panorama da educação ambiental no ensino fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 2001, p. 77-81

Pág. 77-78
A Educação Ambiental surgiu em grande parte como uma resposta à crise na educação. Já que os problemas socioambientais só aumentam, algo há de errado no processo de formação de cidadãos atuantes. Como educar para que cada um dê um pouco de si em prol de uma causa maior? Como formar cidadãos pensantes e atuantes? Como educar para se ter coragem de dar um basta a processos que destroem a natureza e aumentam a desigualdade entre os seres humanos?

Pág. 78
[...] a Educação Ambiental deve desenvolver um cidadão consciente do ambiente total, preocupado com os problemas associados a esse ambiente e que tenha conhecimento, atitudes, motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar individual e coletivamente para resolver problemas atuais e prevenir os futuros [...].

Pág. 79
[...] Não basta transmitir teorias, pregar conceitos e fornecer materiais. O educador ambiental precisa ser também sensibilizado. Precisa crer em seu próprio poder e em sua capacidade de ousar. Precisa acreditar que os processos são muitas vezes mais importantes do que os produtos finais; que errar é importante no caminho do aprendizado. Dessa forma, os insucessos passam a fazer parte dos processos e não são mais motivo de vergonha ou de sentimentos de fracasso.

Pág. 79
Na capacitação de professores na área da Educação Ambiental de maneira ideal deve incluir quatro componentes básicos: 1) fundamentos ecológicos, que ajudem na compreensão, no conhecimento e na prevenção das conseqüências de ações que impactam o meio ambiente e a busca de soluções, assim como formas didáticas de transmitir esses princípios; 2) consciência ecológica, que permita aos professores preparar materiais didáticos ou adotar currículos que ajudem o aprendiz a compreender como as características culturais do ser humano afetam o ambiente e sua perspectiva ecológica  como os papéis desempenhados por diferentes indivíduos e seus valores influenciam as decisões, daí a importância de formar cidadãos responsáveis na solução de problemas ambientais; 3) investigação e avaliação, que ajudem a analisar os problemas ambientais e possíveis soluções, além de meios de se incorporar valores condizentes com os novos conhecimentos; 4) capacitação em ações ambientais que incluam não somente a adoção de posicionamentos que estejam em equilíbrio com a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente, mas que proporcionem meios para que esses princípios possam ser transmitidos.

Pág. 80
Ao compartilhar com os alunos as etapas do processo, o educador passa a ser um facilitador que os incentiva a partilhar suas experiências, que lhes ofereça meios de despertar o interesse por assuntos socioambientais e que transmita a noção de que todos podem e devem dar uma contribuição, estimulando ações e comportamentos éticos. A responsabilidade do professor é de fato imensa [...].

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QUINTAS, José Silva. Educação ambiental e cidadania: uma construção necessária. In: Ciclo de palestras sobre meio ambiente.  Brasília: MEC/SEF, 2001, p. 41-46.

Pág. 43
No que se refere à prática da educação ambiental no Brasil, duas tarefas fundamentais, inadiáveis e simultâneas colocam-se diante do poder público e da sociedade brasileira.  A primeira diz respeito ao direcionamento da abordagem da dimensão ambiental, na esfera da educação formal, enquanto a segunda deve voltar-se à recuperação do passivo cognitivo junto à maioria da população brasileira, por meio de sua participação no processo de gestão ambiental.

Pág. 44
A questão do lixo, por exemplo, pode ser trabalhada em programas de educação ambiental desde a perspectiva do Lixo que não é lixo, em que o eixo central de abordagem está na contestação do consumismo e do desperdício, com ênfase na ação individual por meio dos três R (reduzir, reutilizar e reciclar), até aquela que toma essa problemática como conseqüência de um determinado tipo de relação sociedade - natureza, histórica e socialmente construída, analisa desde as causas da sua existência até a destinação final do resíduo e, ainda, busca a construção coletiva de modos de compreendê-la e superá-la.

Pág. 44
O esforço da educação ambiental deveria ser direcionado para a compreensão e a busca de superação das causas estruturais dos problemas ambientais por meio da ação coletiva e organizada. Segundo essa percepção, a leitura da problemática ambiental realiza-se sob a ótica da complexidade do meio social, e o processo educativo deve pautar-se por uma postura dialógica, problematizadora, comprometida com transformações estruturais da sociedade e de cunho emancipatório. Aqui se acredita que ao participar do processo coletivo de transformação da sociedade a pessoa também se estará transformando.

Pág. 45
[...] a gestão ambiental é um processo de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais que agem sobre os meios físico-natural e construído. Esse processo de mediação define e redefine, continuamente, o modo como os diferentes atores sociais, por meio de suas práticas, alteram a qualidade do meio ambiente e também como se distribuem os custos e os benefícios decorrentes da ação desses agentes.

Pág. 46
Uma proposta de educação ambiental dialógica e transformadora pressupõe  escolhas. Ao negar a neutralidade da gestão ambiental e ao afirmar o caráter intrinsecamente conflituoso da sua prática, essa concepção só deixa uma alternativa ao educador: a de comprometer-se com aqueles segmentos da sociedade brasileira que, na disputa pelo controle dos bens ambientais do país, são sempre excluídos dos processos decisórios e ficam com o maior ônus. O compromisso e a competência do educador são requisitos indispensáveis para se passar do discurso à ação.

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JACOBI, Pedro. Educação ambiental e o desafio da sustentabilidade socioambiental. O Mundo da Saúde, v. 30, n. 4, p. 524-531, São Paulo, out/dez, 2006.

Pág. 525
A problemática da sustentabilidade assume um papel central na reflexão em torno das dimensões sócio-econômicas e ambientais do desenvolvimento e das alternativas que se configuram [...].

O quadro sócio-ambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que a relação estabelecida entre os  humanos e o meio ambiente está causando impactos cada vez mais complexos, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, nas condições de vida das populações e na capacidade de suporte planetária com vistas a garantir a qualidade de vida das futuras gerações.

O conceito de desenvolvimento sustentável surge no contexto do enfrentamento da crise ambiental, configurada na degradação sistemática de recursos naturais e nos impactos negativos desta degradação sobre a saúde humana.

Pág. 526
O desenvolvimento sustentável não se refere especificamente a um problema limitado de adequações ecológicas de um processo social, mas a uma estratégia ou modelo múltiplo para a sociedade, que deve levar em conta tanto uma viabilidade econômica quanto ambiental.

O desenvolvimento sustentável somente pode ser entendido como um processo onde, de um lado, as restrições mais relevantes estão relacionadas com a exploração dos recursos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e o marco institucional.

Os anos noventa marcam mudanças significativas no debate internacional sobre os problemas ambientais. A atenção do planeta para a crise ambiental, que se inicia em Estocolmo em 1972, atinge seu clímax no Rio de Janeiro, em 1992, quando são lançadas as bases para uma nova concepção de desenvolvimento [...].

Pág. 528
O caminho para uma sociedade sustentável se fortalece na medida em que se desenvolvam práticas educativas que pautadas pelo paradigma da complexidade, aportem para a escola e os ambientes pedagógicos, uma atitude reflexiva em torno da problemática ambiental, e os efeitos gerados por uma sociedade cada vez mais pragmática e utilitarista, visando traduzir o conceito de ambiente e o pensamento da complexidade na formação de novas mentalidades, conhecimentos e comportamentos.

As práticas educativas devem apontar para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento e atitudes, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos [...].
Pág. 529

[...] Atualmente o desafio de fortalecer uma educação para a cidadania ambiental convergente e multirreferencial se coloca como prioridade para viabilizar uma prática educativa que articule de forma incisiva a necessidade de se enfrentar concomitantemente a crise ambiental e os problemas sociais [...].
GÊNEROS LITERÁRIOS


ARAGÃO, Maria Lúcia. Gêneros literários. In: SAMUEL, Roger (org.). Manual de teoria literária. Petrópolis: Vozes, 2001.

FICHAMENTO

Página 53
O que se entende por gêneros literários pode ser resumido, se levarmos em conta a própria etimologia do vocábulo "gênero", oriundo do latim genus,-eris, que significa tempo de nascimento, origem, classe, espécie, geração. Deste modo, toda obra literária se origina de uma determinada época e de uma determinada cultu­ra, isto é, é gerada num certo tempo e num certo espaço, filian­do-se a uma determinada classe ou espécie ou inaugurando um novo horizonte através de um conjunto próprio de regras.

Página 54
É de capital importância frisar que a obra literária, sendo um organismo formado de múltiplos aspectos, onde se articulam ele­mentos morfológicos, sintáticos, semânticos, imagísticos, simbó­licos, fônicos, rítmicos etc., articulados a outros aspectos particu­lares aos gêneros dos quais participa mais intimamente, não pode ser reduzida a um mero catálogo de regras apriorísticas.

Página 55
Que o estudo dos gêneros literários sirva de meio para se chegar à compreensão global da obra, mas não de princípio básico norteador de um conhecimento que se queira mais totalizante.

Página 55-56
Nos livros III e X da República, Platão se refere aos gêneros literários, estabelecendo então as três categorias: poesia épica, poe­sia dramática e poesia lírica. [...] A poesia dramática, por ele chamada de mimética, era a que imitava os ho­mens em ação. A poesia lírica, que não imitava os homens em ação, caracterizando-se mais por seu aspecto subjetivo, era não-mimética. A poesia épica era a que participava dos dois procedimentos anteriores, sendo, portanto, um tipo de poesia mista (utilizava tanto o diálogo direto quanto a narração).

Página 56
O conceito de gêneros literários encontrou em Aristóteles, fi­lósofo grego que viveu no IV século aC (384 aC a 322 aC), um vasto campo de reflexão. Sua doutrina permanece ainda atual, devido à grande sensibilidade e ao espírito científico com que marcou a sua Poética, obra dedicada principalmente ao estudo da tragédia e da epopéia. Realizando profundas investigações no campo da estética, da retórica e da poética, reconheceu a existên­cia de três gêneros fundamentais ou de três formas essenciais em que pode se apresentar o fenômeno poético: o gênero épico, o líri­co e o dramático.

Página 58
O Renascimento recuperou os preceitos já conhecidos das poéticas aristotélica e horaciana. Segundo os críticos da época, a poesia, para atingir o grau de universalidade, deveria ser realizada segundo modelos prefixados pelos tratados ou artes poéticas até então difundidos. O conceito de imitação aristotélico foi levado às últimas conseqüências, interpretado como cópia da realidade e não como recriação. No caso específico dos gêneros, concebe­ram-nos como cópias fiéis dos modelos greco-romanos.
[...] A lírica não encontrou no neoclassicismo um campo propício ao seu desenvolvimento porque, nesta época, a razão e o bom sen­so deveriam predominar sobre a emoção.

Página 59
O grande codificador das idéias relativas à arte poética, neste período, foi Boileau que, inspirado na filosofia racionalista então vigente, irá relacionar o bom senso e a razão aos aspectos nobres e elevados que deveriam nortear a poesia.
[...] A partir da segunda metade do século XIX, o positivismo e o naturalismo, juntamente com as teorias evolucionistas de Spencer e Darwin, irão influenciar toda a cultura européia. Destacamos o crítico Brunetière (1849-1906), que tentará reabilitar o conceito dos gêneros, comparando-os a organismos vivos, com nascimen­to, crescimento, morte ou transformação. Nesta concepção, os gê­neros, assim como os homens e a história, estavam sujeitos às leis da evolução natural da espécie.

Página 60
Os gêneros são instituições que exercem certa pressão sobre o escritor, assim como também são por ele modificados. Essas convenções estéticas, por assim dizer, servem para ordenar e classificar as obras, tomando-as mais aptas a serem apreendidas pelos leitores.

Página 61.
A palavra "lírica" deriva do grego lyrikós, que significa algo que concerne à lira, ou o som proveniente da lira, instrumento mu­sical primitivo, com quatro cordas.

Página 62
A lírica está associada à livre imaginação, onde a emoção supera o pensa­mento, daí o gênero ser essencialmente polimorfo. Destacamos, nesta época, duas inspirações claramente distintas: uma pessoal, onde o poeta faz expressamente de si mesmo, de seus sentimentos e de suas idéias a matéria de seus cantos, e outra geral, impessoal, na medida em que o poeta fala em nome de todos, dando uma voz comum à alma da multidão.
[...]. O estilo lírico com o decorrer dos tempos foi desenvolvendo novas formas, entre as quais destacamos a égloga latina, o idílio a balada, o soneto etc.

Página 63
A lírica moderna se caracteriza por uma grande liberdade formal e para entendermos em toda a sua profundidade o fenômeno lírico como um todo, é necessário que apreendamos a essência do estilo, as suas marcas e a pluralidade de suas manifestações.

Página 64
A poesia lírica renuncia à coerência gramatical, lógica e for­mal, pois necessita se libertar para poder ser mais autenticamente momentânea.

Página 65
O épico se caracteriza primordialmente por ser um estilo nar­rativo, através do qual o poeta narra, descreve e exalta fatos histó­ricos e personagens heróicos. É o estilo mais próprio para traduzir os sentimentos coletivos, a grandiosidade dos cenários, dos heróis, dos combates e dos sentimentos.

Página 66
O narrador épico se caracteriza fundamentalmente pelo seu afastamento em relação ao assunto narrado. Ele se coloca como um simples observador que não altera o seu ânimo diante do fato narrado.

Página 67
A chave para o entendimento do texto épico deve ser buscada, nas divagações, nas narrações detalhadas e prolixas. A diferença entre a epopéia e as outras fonl1as narrativas talvez esteja no prazer que o poeta épico quer despertar no ouvinte ou leitor pelo deta­lhe. Daí o fim da poesia ficar diluído em suas partes, através do recurso à antecipação.

Pág. 68
Drama significa, etimologicamente, ação. Consideramos, pois, obras dramáticas, aquelas em que a história (a fábula, o mito) ou os caracteres e as emoções são imitados não através do discurso de um narrador (como é o caso do épico); mas sim através de personagens em ação.

Página 70
O herói trágico, pois, é aquele que, acreditando em suas idéias e vivendo coerentemente a partir delas, sem duvidar de sua vali­dez, vê-se inesperadamente diante do inevitável destino, que lhe impõe as suas normas próprias e as suas vontades, incompatíveis com a sua visão de mundo e idealização.

Página 72
A tragédia configura o choque entre o caráter do herói e o seu destino. A ironia trágica seria exatamente a oscilação entre estas duas tábuas de valores, a impossibilidade de se poder optar por uma em particular.

Página 73
Como formas dramáticas cômicas, podemos destacar a farsa, um tipo de peça teatral surgida no século XIV, em geral curta, com poucas personagens, que pretende provocar o riso a partir de situa­ções cômicas e ridículas da vida quotidiana.

Página 74
Geralmente o conto é definido como sendo uma forma narrati­va em prosa, de pequena extensão. É claro que não podemos reco­nhecer um conto só a partir do número de páginas em que se en­quadra uma história. Por ser um tipo de narrativa voltada para ob­jetivos bem determinados, a sua forma acompanhará o conjunto dos elementos específicos a esse tipo de narrativa.

Página 75
O conto tradicional absorveu grande parte do folclore de todos os povos, notadamente o conto de fadas e a fábula, que podemos considerar como sendo um tipo de conto com objetivo nitidamente didático. A fonte mais rica de enredos de contos populares foi ofe­recida pelo Oriente.
[...]. O romance é a mais importante forma de gênero narrativo em prosa, surgida até agora.

Página 77
O romance pode ser definido como sendo o desenrolar de uma história, constituída por um complexo de acontecimentos ou de paixões desenrolados no tempo, confrontando personagens imaginárias, mas em que a aparência de vida é a tal ponto impe­riosa, que somos levados a refletir sobre os acontecimentos como se fossem reais [...].
O romance é formado de personagens, que podem ser homens ou coisas, fatos, desejos, animais, idéias etc. Na verdade o artista pode atribuir personificação a qualquer elemento concreto ou abs­trato dentro dos limites da narrativa. Esses personagens atuam dentro de uma medida temporal e espacial determinada.