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sábado, 25 de agosto de 2012

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

FICHAMENTOS

 
LEON, Adriana Duarte. Reafirmando o lúdico como estratégia de superação das dificuldades de aprendizagem. Revista Ibero-americana de Educação, v. 56, n. 3., out., 2010

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Atualmente, o conceito de dificuldade de aprendizagem popularizou-se e comumente encontramos crianças estigmatizadas por sua aplicação. As dificuldades de aprendizagem estão diretamente relacionadas ao não-aprender, porém o não-aprender pode ser uma situação passageira e não deve ser entendido como uma limitação permanente.
A aprendizagem é um processo amplo que envolve diversos fatores relacionados ao sujeito e às relações deste com o meio. O não-aprender deve ser analisado de forma ampla, buscando compreender o contexto em que o sujeito está inserido, bem como a situação em que se explicitou a dificuldade de aprendizagem.

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No momento em que a criança apresenta dificuldade no desenvolvimento da aprendizagem, deve ser encaminhado o mais breve possível para o atendimento especializado. Então, inicia-se uma investigação em torno do aprendizado, busca-se entender o que está ocorrendo com aquela criança, por
que ela não aprende.

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O ambiente escolar e principalmente a sala de aula, em muitos casos, não dá conta de atender as diversas individualidades contidas num grupo e aquele que não acompanha o desenvolvimento da maioria por vezes pode ficar para trás.

A aprendizagem se dá através dos processos de socialização. No caso dos seres humanos, a aprendizagem se dá em grupos; tais grupos estimulam, estabelecem e pactuam posturas adequadas e aceitas socialmente.

O não aprendizado na escola é a principal causa do fracasso escolar, embora evasão escolar, trabalho infantil, condições socioeconômicas estejam envolvidos. É o não-aprender que rotula o sujeito como intelectualmente limitado.

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Para que a aprendizagem ocorra aproveitando os saberes de cada um, é necessário um olhar específico que perceba os limites e as possibilidades de cada sujeito aprendente. Certamente, alguns sujeitos acompanham com facilidade os conteúdos desenvolvidos no ambiente escolar, e para estes é necessário um estímulo extra que possibilite ir mais adiante, bem como precisamos de um estímulo extra para aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem. A escola, muitas vezes, trabalha com uma lógica truncada, pois não consegue atender a demanda existente no que se refere à individualidade.

As causas do fracasso escolar estão relacionadas a diversos fatores, dentre eles, a escola, os professores e a família têm sua parcela de culpa, pois não conseguem estabelecer uma relação harmônica com diálogo, solidariedade e construção de conhecimento.

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O lúdico faz parte do universo infantil. A criança, quando entra para a escola, brinca e, vagarosamente, vai abandonando o brincar para assumir uma postura mais rígida que combine com o espaço escolar. Embora várias pesquisas apontem o lúdico como suporte para a aprendizagem, o que se percebe nas práticas escolares é a sua não utilização como recurso didático.

O jogo propicia o desenvolvimento cognitivo através do envolvimento dos sujeitos aprendentes. O processo de aprendizagem torna-se prazeroso, dinâmico e ocorre na troca com o outro. [...] O jogo é a porta de acesso ao saber, pois o conhecimento é uma construção pessoal que se relaciona ao fazer e o jogo propicia essa construção.

A criança saudável brinca e, dessa forma, ela se relaciona com o mundo adulto, faz parte do seu processo de desenvolvimento e faz parte do processo de construção de suas aprendizagens. As situações de brincadeira permitem que a criança reproduza esquemas do cotidiano e organize suas projeções. Por isso, é importante que a criança experimente nas brincadeiras os diversos papéis possíveis do mundo adulto, para que posteriormente estabeleça com maior segurança as suas opções.

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O brincar, o jogo ou a brincadeira se estabelecem de forma diferente de acordo com a idade cronológica da criança. Primeiro ela brinca com o seu próprio corpo, depois com objeto do exterior (brinquedos e coisas de forma geral) e, passando essas duas fases, a criança se interessa pelos jogos com regras cada vez mais elaboradas. Neste momento, é fundamental o auxilio do adulto para ajudar na organização da criança e potencializar o seu desenvolvimento.

Sendo a atenção requisito fundamental para desenvolver a aprendizagem e necessário para pensar e estabelecer estratégias que estimulem o estar atento. O jogo pressupõe atenção, alguns de forma bem mais centrada, como, por exemplo: o xadrez e a paciência, outros de forma mais dinâmica, como o futebol e o basquete.

O desenvolvimento cognitivo dá-se de forma lenta e gradativa, já que o sujeito aprendente formula vagarosamente hipóteses de acordo com as suas possibilidades e conhecimentos. A base do processo de aprendizagem é a formulação de hipóteses sobre o objeto a ser aprendido. Esse é o processo de aquisição da aprendizagem no ambiente infantil e adulto.

No que se refere ao desenvolvimento cognitivo da criança, percebe-se o empenho da sociedade em estabelecer bases comuns para todos. Tais princípios gerais atendem a necessidade do bem-estar social, ou seja, para vivermos em sociedade, precisamos de algumas regras em comum. A criança, ao ingressar no ambiente escolar, é estimulada a se apropriar também dessas convenções sociais.

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A falta de atenção ou a incapacidade de concentrar-se por mais tempo em determinada situação é uma queixa muito comum da atualidade. Os problemas relacionados à aprendizagem estão presentes em escolas e clínicas particulares. Cada vez é mais frequente o diagnóstico de TDA (transtorno de déficit de atenção), o qual apresenta como sintoma o baixo rendimento escolar, consequência dos limites relacionados à concentração.

O lúdico é um mecanismo estratégico de desenvolvimento da aprendizagem, pois propicia o envolvimento do sujeito aprendente e possibilita a apropriação significativa do conhecimento. Percebe-se que embora as brincadeiras façam parte do cotidiano infantil, elas não fazem parte obrigatoriamente do cotidiano escolar.

DALLABONA, Sandra Regina; MENDES, Sueli Maria Schmitt. O lúdico na educação infantil: Jogar, brincar, uma forma de educar. Revista do ICPG - Instituto Catarinense de Pós-Graduação, v. 12, n. 2, p. 1-13, out., 2006. Disponível in: www.icpg.com.br. Acesso: 8 ago 2012.

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A infância é a idade das brincadeiras. Acreditamos que por meio delas a criança satisfaz, em grande parte, seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo.  Destacamos o lúdico como uma das maneiras mais eficazes de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é sua forma de trabalhar, refletir e descobrir o mundo que a cerca.

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O lúdico na educação infantil, tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na educação infantil, procurando provocá-lo, para que insira  o brincar em seus projetos educativos, tendo intencionalidade, objetivos e consciência clara  de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil.

[...] é de primordial importância a utilização das brincadeiras e dos jogos no processo pedagógico, pois os conteúdos podem ser ensinados por intermédio de atividades predominantemente lúdicas.

O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do ensino, quer na qualificação ou formação crítica do educando, quer para redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na sociedade.

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O jogo é uma atividade de ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, seguindo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão, de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana.

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A criança brinca porque brincar é uma necessidade básica, assim como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação são vitais para o desenvolvimento do potencial infantil. Para manter o equilíbrio com o mundo, a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar. Estas atividades lúdicas tornam-se mais significativas à medida que se desenvolve, inventando, reinventando e construindo.

Brincando, o sujeito aumenta sua independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza sua cultura popular, desenvolve habilidades motoras, exercita sua imaginação, sua criatividade, socializa-se, interage, reequilibra-se, recicla suas emoções, sua necessidade de conhecer e reinventar e, assim, constrói seus conhecimentos.

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Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo deve ser o grande desafio da educação infantil. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia e sociologia possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns de ser, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças.

A capacidade de brincar possibilita às crianças um espaço para resolução dos problemas que as rodeiam. A literatura especializada no crescimento e no desenvolvimento infantil considera que o ato de brincar é mais que a simples satisfação de desejos. O brincar é o fazer em si, um fazer que requer tempo e espaço próprios; um fazer que se constitui de experiências culturais, que são universais, e próprio da saúde porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros.

 A criança, por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas situações vividas em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz-de-conta, são reelaboradas. Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre experiências passadas e novas possibilidades de interpretações e reproduções do real, de acordo com suas afeições, necessidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais para a atividade criadora do homem.

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Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, satisfaz desejos, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. As interações que o brincar e o jogo oportunizam favorecem a superação do egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia, e introduzem, especialmente no compartilhamento de jogos e brinquedos, novos sentidos para a posse e o consumo.

A educação traz muitos desafios aos que nela trabalham e aos que se dedicam a sua causa. Muito já se pesquisou, escreveu e discutiu sobre a educação, mas o tema é sempre atual e indispensável, pois seu foco principal é o ser humano. Então, pensar em educação é pensar no ser humano, em sua totalidade, em seu corpo, em seu meio ambiente, nas suas preferências, nos seus gostos, nos seus prazeres, enfim, em suas relações vivenciadas.

A maioria das escolas de hoje está preparando seus alunos para um mundo que já não existe. Ações como dar aulas deverão ser substituídas por orientar a aprendizagem do aluno na construção do seu próprio conhecer, como preconiza o construtivismo, o sociointeracionismo, porque, afinal, ou aluno e professor estão mobilizados e engajados no processo, ou não há ensino possível. 

Na realidade, no contexto atual, já não há mais espaço para o professor informador e para o aluno ouvinte. Há muito chegou o tempo da convivência com a autoaprendizagem, expressão autêntica da construção do conhecimento que força o professor a tornar-se um agilizador do processo ensino-aprendizagem, e o aluno, um verdadeiro pesquisador.

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Aprender a pensar sobre diferentes assuntos é muito mais importante do que memorizar fatos e dados a respeito dos assuntos. A própria criança nos aponta o caminho no momento em que não utiliza nem precisa utilizar as energias vãs despendidas pela escola, sacrificadas e coroadas pelo descrédito, porque desprepara seus alunos.

Entende-se que educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o educando consumir passivamente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo. É seduzir os seres humanos para o prazer de conhecer.

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É resgatar o verdadeiro sentido da palavra “escola”, local de alegria, prazer intelectual, satisfação e desenvolvimento. Para atingir esse fim, é preciso que os educadores repensem o conteúdo e a sua prática pedagógica, substituindo a rigidez e a passividade pela vida, pela alegria, pelo entusiasmo de aprender, pela maneira de ver, pensar, compreender e reconstruir o conhecimento.

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O jogo e a brincadeira são experiências vivenciais prazerosas. Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir em um processo vivenciado prazerosamente. A escola, ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados.
 
Enquanto a aprendizagem é vista como apropriação e internalização de signos e instrumentos num contexto sociointeracionista, o brincar é a apropriação ativa da realidade por meio da representação. Desta forma, brincar é análogo a aprender.

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[...] o trabalho a partir da ludicidade abre caminhos para envolver todos numa proposta interacionista, oportunizando o resgate de cada potencial. A partir daí, cada um pode desencadear estratégias lúdicas para dinamizar seu trabalho que, certamente, será mais produtivo, prazeroso e significativo [...].

É por intermédio da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ela se integrando, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com seus semelhantes e conviver como um ser social. Além de proporcionar prazer e diversão, o jogo, o brinquedo e a brincadeira podem representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo da criança. Assim, uma atitude lúdica efetivamente oferece aos alunos experiências concretas, necessárias e indispensáveis às abstrações e operações cognitivas.

Pode-se dizer que as atividades lúdicas, os jogos, permitem liberdade de ação, pulsão interior, naturalidade e, consequentemente, prazer que raramente são encontrados em outras atividades escolares. Por isso necessitam ser estudados por educadores para poderem utilizá-los pedagogicamente como uma alternativa a mais a serviço do desenvolvimento integral da criança.
 
O lúdico é essencial para uma escola que se proponha não somente ao sucesso pedagógico, mas também à formação do cidadão, porque a consequência imediata dessa ação educativa é a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, relacional e pessoal.

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É competência da educação infantil proporcionar aos seus educandos um ambiente rico em atividades lúdicas, já que a maioria das crianças de hoje passam grande parte do seu tempo em instituições que atendem a crianças de 0 a 6 anos de idade, permitindo assim permitindo que elas vivam, sonhem, criem e aprendam a serem crianças. 

O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve habilidades motoras, diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade, aprimora a inteligência emocional, aumenta a integração, promovendo, assim, o desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social.

As atividades lúdicas estão gravemente ameaçadas em nossa sociedade pelos interesses e ideologias de classes dominantes. Portanto, cabe à escola e a nós, educadores, recuperarmos a ludicidade infantil de nossos alunos, ajudando-os a encontrar um sentido para suas vidas. Ao brincar, não se aprendem somente conteúdos escolares; aprende-se algo sobre a vida e a constante peleja que nela travamos. 

É preciso que o professor assuma o papel de artífice de um currículo que privilegie as condições facilitadoras de aprendizagens que a ludicidade contém nos seus diversos domínios, afetivo, social, perceptivo-motor e cognitivo, retirando-a da clandestinidade e da subversão, explicitando-a corajosamente como meta da escola.

ROSA, Fabiane Vieira da; KRAVCHYCHYN, Helena; VIEIRA, Mauro Luis. Brinquedoteca: A valorização do lúdico no cotidiano infantil da pré-escola. Barbarói. Santa Cruz do Sul, n. 33, p.  8-27, ago./dez. 2010.

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A brincadeira é um comportamento presente em todas as culturas, cada qual com suas especificidades. Por meio da brincadeira a criança aprende comportamentos, constrói conhecimento, expressa emoções e sentimentos e significa para si a cultura em que está inserida.

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A cultura lúdica compreende esquemas de comportamento que permitem iniciar a brincadeira. Esses esquemas são em geral vagos e imprecisos; no entanto, permitem a organização da brincadeira. Os esquemas estão pautados na observação da complexa realidade social, na atividade de brincadeira, nos materiais disponíveis e na cultura. A cultura lúdica não existe como uma entidade, mas é produzida pelos sujeitos que participam da mesma, produto de interação social.

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A cultura lúdica possui tanto característica universal como individual. Embora alguns
comportamentos, tais como a brincadeira, possam estar presentes em todas as culturas, cada um é sujeito ativo na maneira de como irá significar esse e outros comportamentos no seu dia a dia. A criança é sujeito ativo ao construir a sua cultura lúdica brincando, significando para si a cultura no geral e também estabelecendo novas relações com o ambiente.

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[...] o prazer da brincadeira não é suficiente para definí-la. Ou seja, isso significa dizer que a diversão, ou prazer de brincar, é uma dimensão importante do fenômeno brincadeira, mas que, no entanto, não é a central. Para a criança, o prazer gerado pela brincadeira constitui-se como mais importante, mas para os estudiosos este não deve ser o ponto principal, mas a constituição de uma situação imaginária e das regras.

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[...] o brincar envolve aspectos cognitivos, afetivos e sociais. Contudo, além de entender o que é a brincadeira e como ela se estrutura, é necessário também compreender a funcionalidade desse comportamento para o indivíduo, principalmente durante as fases iniciais do desenvolvimento, onde ocorre com maior frequência e intensidade.

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[...] a brincadeira assume diversas funções para o desenvolvimento da criança. Pode-se afirmar que a função da brincadeira para a criança está em criar condições para o seu desenvolvimento integral (social, cognitivo, emocional, e psicomotor), partindo de objetos concretos, situações imaginárias e interações sociais, estabelecendo relações com o mundo e construindo conhecimento sobre ele e sobre si mesma.

A criança ao brincar não está simplesmente imitando os comportamentos dos adultos, está em um processo de significar para si as regras sociais e de comportar-se como se fosse adulto. Nesse sentido, a brincadeira tem duas dimensões importantes: uma que envolve situações imaginárias e outra as regras.

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Um dos principais atributos do brinquedo é o autocontrole. Por meio do brinquedo a criança aprende a lidar com os seus impulsos de agir espontaneamente e com as regras do brinquedo.

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O objetivo principal da brinquedoteca é proporcionar atividades lúdicas para as crianças que freqüentam a creche, desenvolver a cooperação entre elas, possibilitar um espaço para brincadeiras não dirigidas, espontâneas, além de transmitir a pais e professores conhecimentos sobre a importância do brincar para o desenvolvimento das crianças e produção de conhecimento científico sobre desenvolvimento infantil.

Para a creche, a brinquedoteca constitui-se em um local ímpar, sendo valorizado pelas professoras e pela direção, como visto em avaliação no final do semestre. É um local integrado com o restante da creche: professoras, direção, voluntárias, crianças, pais, sendo também um local de aprendizagem para todos os envolvidos.

Uma das características da brinquedoteca é oferecer mais opções de brinquedos do que aquelas oferecidas em sala de aula, visando resgatar a cultura lúdica tradicional. Para o funcionamento da brinquedoteca há duas monitoras, chamadas brinquedistas, cujo papel é mediar a relação da criança com o brinquedo.

QUEIROZ, Norma Lucia Neris de; MACIEL, Diva Albuquerque; BRANCO, Angela Uchôa. Brincadeira e desenvolvimento infantil: um olhar sociocultural construtivista. Paidéia, v. 16., n. 34, p. 169-179, 2006.

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A brincadeira permite à criança vivenciar o lúdico e descobrir-se a si mesma, apreender a realidade, tornando-se capaz de desenvolver seu potencial criativo. Nesta perspectiva, as que brincam aprendem a significar o pensamento dos parceiros por meio da metacognição, típica dos processos simbólicos que promovem o desenvolvimento da cognição e de dimensões que integram a condição humana.

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[...] a brincadeira está colocada como um dos princípios fundamentais, defendida como um direito, uma forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Assim, a brincadeira é cada vez mais entendida como atividade que, além de promover o desenvolvimento global das crianças, incentiva a interação entre os pares, a resolução construtiva de conflitos, a formação de um cidadão crítico e reflexivo.

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Como a criança é um ser em desenvolvimento, sua brincadeira vai se estruturando com base no que é capaz de fazer em cada momento. Isto é, ela aos seis meses e aos três anos de idade tem possibilidades diferentes de expressão, comunicação e relacionamento com o ambiente sociocultural no qual se encontra inserida. Ao longo do desenvolvimento, portanto, as crianças vão construindo novas e diferentes competências, no contexto das práticas sociais, que irão lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no mundo.

A brincadeira das crianças evolui mais nos seis primeiros anos de vida do que em qualquer outra fase do desenvolvimento humano e neste período, se estrutura de forma bem diferente de como a compreenderam teóricos interessados na temática.

A partir da brincadeira, a criança constrói sua experiência de se relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia experiências de tomadas de decisões. Em um jogo qualquer, ela pode optar por brincar ou não, o que é característica importante da brincadeira, pois oportuniza o desenvolvimento da autonomia, criatividade e responsabilidade quanto a suas próprias ações.

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A importância do brincar para o desenvolvimento infantil reside no fato de esta atividade contribuir para a mudança na relação da criança com os objetos, pois estes perdem sua força determinadora na brincadeira.

Na brincadeira, a criança pode dar outros sentidos aos objetos e jogos, seja a partir de sua própria ação ou imaginação, seja na trama de relações que estabelece com os amigos com os quais produz novos sentidos e os compartilha.

A brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Em situações dela bem pequena, bastante estimulada, é possível observar que rompe com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.

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[...] no espaço da sala de aula, a criança procura satisfazer seus desejos não realizáveis imediatamente envolvendo-se em um mundo imaginário, onde os não realizáveis podem ser concretizados; a este mundo é que se chama da brincadeira.

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É necessário olhar a brincadeira para além do conceito da atividade de brincar, e examinar o faz-de-conta, que tem despertado especial interesse de teóricos, pesquisadores e profissionais que atuam com a educação infantil.

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O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil estabeleceu a brincadeira como um de seus princípios norteadores, que a define como um direito da criança para desenvolver seu pensamento e capacidade de expressão, além de situá-la em sua cultura. Atividades de brincadeira na educação infantil são praticadas há muitos anos, entretanto, torna-se imprescindível que o professor distinga o que é brincadeira livre e o que é atividade pedagógica que envolve brincadeira. Se quiser fazer brincadeiras com a turma, deve considerar que o mais importante é o interesse da criança por ela; se seu objetivo for a aprendizagem de conceitos, habilidades motoras, pode trabalhar com atividades lúdicas, só que aí não está promovendo a brincadeira, mas atividades pedagógicas de natureza lúdica.

Quando é mantida a especificidade da brincadeira livre, têm-se elementos fundamentais que devem ser considerados: a incerteza, a ausência de consequência necessária e a tomada de decisão pela criança; ela emerge como possibilidade de experimentação, na qual o adulto propõe, mas não impõe, convida, mas não obriga, e mantém a liberdade dando alternativas. Caso contrário arrisca-se destruir o interesse da criança, tendo em vista que neste momento ela domina o espaço de experiência, mas o professor pode até interferir na brincadeira livre, desde que não utilize estratégia destrutiva do interesse dela.

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O professor também pode brincar com as crianças, principalmente se elas o convidarem, solicitando sua participação ou intervenção. Mas deve procurar ter o máximo de cuidado respeitando sua brincadeira e ritmo; sem dúvida, esta forma de intervenção é delicada, por ser difícil o adulto participar da brincadeira sem destruí-la; é preciso muita sensibilidade, habilidade e bom nível de observação para participar de forma positiva.

A chave desta intervenção é a observação das brincadeiras das crianças, pois é necessário respeitá-las: conhecê-las, sua cultura, como e com quê brincam, e quando seria interessante o adulto participar. Melhor, porém, é que não o faça e aproveite este momento para observar seus alunos, para conhecê-los melhor.

É também importante o professor desenvolver atividades dirigidas que envolvam brincadeiras, mas elas precisam ter seus temas relacionados para que haja contribuição para o desenvolvimento infantil; e elas atuando em conjunto podem, as duas serem enriquecidas.

Outra forma que o professor pode usar para enriquecer a brincadeira é propondo atividades que incentivem a curiosidade das crianças; por exemplo, a troca de cartas e bilhetes com os parceiros, leva à escrita e comunicação, sendo experiências que poderão ajudar a criança, mais adiante, a investir nestas habilidades no faz-de-conta.

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A brincadeira oferece às crianças uma ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e tomada de consciência: ações na esfera imaginativa, criação das intenções voluntárias, formação de planos da vida real, motivações intrínsecas e oportunidade de interação com o outro, que, sem dúvida contribuirão para o seu desenvolvimento.

SENA, Sandra Satorato; AYRES DA SILVA, Jayme. Importância do lúdico na educação infantil: fundamentação teórica. Caderno Multidisciplinar de Pós-Graduação da UCP, Pitanga , v. 1, n. 1, p. 106-121, jan. 2010.

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O desenvolvimento infantil e a influência do lúdico neste aspecto constituem o tema gerador deste artigo, que foi elaborado para compreender melhor a criança na Educação Infantil e as fases pelas quais ela passa e como desenvolve sua aprendizagem, evidenciando que o lúdico é fator de extrema importância e grande influência no desenvolvimento infantil.

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O brinquedo é um objeto universal, ou seja, todas as crianças do mundo podem utilizá-lo a partir de sua imaginação. Brincando, a criança pode vivenciar uma mesma situação diversas vezes. Isso, além de permitir que ela repita brincadeiras que lhe dão prazer, possibilita que ela solucione problemas e aprenda processos e comportamentos adequados.

A brincadeira é a essência da infância e seu uso na Educação Infantil permite um trabalho pedagógico que possibilita a produção de conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento.

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O lúdico é um típico divertimento da infância, é uma atividade natural da criança, que não implica em compromissos, planejamento e seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer. A atividade lúdica está diretamente relacionada com a pré-história de vida. É, antes de qualquer coisa, um estado de espírito e um saber que progressivamente vai se instalando na conduta do ser devido ao seu modo de vida.

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Existe uma grande discussão de vários pontos de vista sobre a brincadeira no espaço escolar. Muitos acham que a brincadeira só deve acontecer no horário de lazer da criança, pois se a brincadeira for oferecida durante as aulas, haverá um grande descontrole sobre as crianças por parte do professor. Outros, porém, afirmam que é através da brincadeira que a escola e sua equipe pedagógica conhecem melhor o aluno e prende sua atenção para o aprendizado.

O brincar relaciona-se com o prazer. Se brincar é prazer, aprender brincando será um prazer para a criança. Uma escola que integra o brincar ao processo de ensino e aprendizagem, está preocupada com a formação do todo do homem, ou seja, sua objetividade, sua autonomia, sua criatividade, suas funções sociais, o exercício da cidadania e a atuação na sociedade na qual está inserido.

Quando brinca, a criança desenvolve ações físicas, mentais, afetivas, violentas, de cooperação, de competição, entre outras. No início, são somente ações físicas, mas aos poucos vão se tornando mais complexas e evoluem para habilidades cognitivas, emocionais e sociais.

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O brinquedo infantil desperta a curiosidade da criança, exercita a inteligência, permite a invenção e a imaginação, possibilitando que a criança, aos poucos, descubra suas próprias capacidades de compreensão. Para que o brinquedo possa corresponder a todas essas expectativas, é necessário que tenha sentido experimental, tenha valor de estruturação, tenha condições de relacionamento e dê prazer à criança.

O brincar é o mundo da criança, é através dele que ela se manifesta. A criança pequena usa da brincadeira para imitar e assim experimentar suas relações com o mundo e com outras pessoas.

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Quanto mais a criança brinca, mais ela exibe a ampliação da coordenação dos papéis assumidos durante as brincadeiras ou ações conjuntas. Nas brincadeiras infantis a criança aprende gradativamente a supor o que as outras crianças podem estar pensando, para então procurar se inserir na fantasia e coordenar ativamente seus comportamentos e suas atitudes, combinando-as com o comportamento de seus colegas.

A brincadeira simbólica possui outra função muito importante para a criança pequena. Durante este tipo de brincadeira, a criança pode reviver situações que lhe causaram muita alegria e prazer ou alguma outra situação que lhe provocou ansiedade, raiva ou medo. Consequentemente, ao reviver estas situações de forma descontraída e descompromissada, a criança expressa e trabalha as emoções fortes ou difíceis de suportar.

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A brincadeira é, assim, um espaço de aprendizagem significativa para a criança. A finalidade de trabalhar o lúdico como possibilidade na Educação Infantil é importante
para que ela viva o presente com todos os seus direitos e é fundamental que o educador considere toda a riqueza da cultura lúdica infantil e todo o repertório corporal que a criança traz consigo para a escola.

Por intermédio do lúdico, a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário, incorporando valores, desenvolvendo-se culturalmente, assimilando novos conhecimentos e desenvolvendo a sociabilidade e a criatividade.

Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende, confere habilidades, além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia; proporcionando ao mesmo tempo o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção.

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Através dos jogos e brincadeiras, a criança aprimora também seu vocabulário, desenvolve sua expressão e seu pensamento, pois os momentos recreativos quase sempre propõem uma atividade a ser realizada. Atividade esta da qual o professor da Educação Infantil pode apropriar-se, utilizando o lúdico como mediador do processo de ensino e aprendizagem.

Através do jogo e da brincadeira, a criança libera e canaliza suas energias, tem o poder de transformar uma realidade difícil, propicia condições de fantasiar e é uma grande fonte de prazer. Além do mais, o lúdico ainda proporciona à criança toda a riqueza do aprender fazendo, espontaneamente, sem pressão ou medo de errar.

O desempenho psicomotor da criança enquanto brinca, alcança níveis que só mesmo a motivação intrínseca consegue. Ao mesmo tempo favorece a concentração, a atenção, o engajamento e a imaginação. Consequentemente a criança fica mais calma, relaxada e aprende a pensar, estimulando sua inteligência.

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Quando brinca, a criança aprende que ela pode se preparar para o futuro. Quando experimenta o mundo ao seu redor, adquire conhecimentos para tornar-se uma pessoa alegre, inteligente e criativa.

As situações e problemas contidas na manipulação dos jogos e brincadeiras fazem a criança crescer através da procura de soluções e de alternativas. A qualidade de oportunidades oferecidas à criança através de brincadeiras ou jogos garante que suas potencialidades e sua afetividade se harmonizem.

Outro aspecto importante ao qual o lúdico contribui no desenvolvimento da criança é o trabalho com a ansiedade. Quando a criança é muito ansiosa e não consegue se concentrar, sua aprendizagem fica prejudicada. Neste sentido o lúdico proporciona a criação de novos hábitos salutares, que são automaticamente incorporados à vida da criança, podendo, através da aquisição da capacidade de refletir suas ações e pensar nas suas decisões, recriar sua visão de mundo e sua atuação nele.

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Brincando ou jogando com amigos, a criança desenvolve seu senso de companheirismo, aprende a conviver, ganhando ou perdendo, procurando aprender regras e conseguir uma participação satisfatória. No jogo, ela aprende a aceitar e respeitar regras, esperar sua vez, aceitar o resultado, lidar com frustrações e elevar o nível de motivação.

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Alguns jogos e brincadeiras proporcionam também o desenvolvimento e a organização espacial. A desorganização espacial é um grande problema na vida da criança. Isto dificulta a realização de certas atividades que envolvem o cálculo e a percepção do espaço disponível, calculo de distância e posicionamento de objetos no espaço.

A criança que não tem esta organização espacial geralmente é desastrada, esbarra em tudo, derruba coisas com freqüência, não consegue ordenar os objetos e fatos em sequência lógica de acontecimento. Atuando neste campo, o lúdico proporciona o desenvolvimento da organização espacial, pois a criança aprende desde cedo a se localizar no tempo e no lugar em que está e também em relação aos objetos que está manipulando, através de ações cognitivas nas atividades simbólicas.

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É preciso que os educadores tenham consciência plena de que o lúdico deve fazer parte do mundo da criança, oportunizando situações para que ela possa interagir de forma sistemática com o brinquedo visando sua formação integral.

A criança, através das brincadeiras, está em mediação direta com o mundo. A Educação Infantil tem como principal objetivo contribuir para a aprendizagem e o  desenvolvimento dos aspectos físicos, sócio-emocionais e intelectuais da criança. Torna-se necessário uma infinidade de recursos que posam ser oferecidos para que as crianças possam desenvolver suas capacidades de criar e aprender.

Quando o professor apresenta a brincadeira com a criança, está indo ao mundo dela; a adesão é fácil, ela participa com interesse, rende melhor e estabelece uma relação de confiança com seus colegas e com o educador.

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