ARQUEOLOGIA E EDUCAÇÃO
José Ozildo dos Santos
Rosélia Maria de Sousa Santos
Rosélia Maria de Sousa Santos
Embora seja uma ciência relativamente nova, quando comparada com outras, a Arqueologia vem vivendo uma nova era, oportunidade em que vários de seus conceitos estão sendo redefinidos.
Em várias partes do mundo, importantes acervos arqueológicos estão sendo destruídos numa escala alarmante, colocando em risco grande parte da história da humanidade que ainda não foi desvendada.
Esta situação mostra a necessidade urgente da adoção de medidas, que possam reduzir as ações inconscientes do homem, geralmente, praticadas em nome do desenvolvimento econômico.
Se por um lado os ambientalistas alertam que o planeta está sendo destruído, os arqueólogos encontram-se nessa mesma posição e denunciam a destruição de inúmeras áreas contendo sítios arqueológicos – verdadeiros patrimônios da humanidade.
Numa maior escala do que as depredações promovidas durante o século XIX pelos aventureiros europeus em busca de riquezas, no norte da África, mais precisamente no Egito, atualmente ocorre depredações em várias partes do globo, colocando a Arqueologia em sinal de alerta.
Mais do que nunca é necessário o desenvolvimento de ações voltadas para a conservação dos patrimônios arqueológicos espalhados pelo mundo inteiro. Diante das inúmeras perdas registradas nas últimas décadas, é necessário se enfrentar o problema de frente e cortar o mal pela raiz. Somente a educação como processo de construção e formação do cidadão consciente, pode constituir-se numa medida eficaz a esse problema.
No caso específico dos sítios arqueológicos existentes no interior da Paraíba, a falta de conservação é um problema que vem aumentando e exige uma solução imediata. Vários matações contendo pinturas e gravuras já foram [e estão sendo] reduzidos a simples blocos de paralelepípedos. As famosas Itacoatiaras do Ingá - consideradas o maior e mais completo conjunto de gravuras rupestres existente no solo brasileiro - estão desparecendo por falta de ações governamentais, que garantam sua preservação, bem como pelas ações irracionais de alguns pseudos turistas, que visitam aquele importante sítio arqueológico.
Trata-se de um problema antigo, denunciado no final da década de 1940 por José Anthero Pereira Júnior e atualmente sempre enfatizado pela Sociedade Paraibana de Arqueologia, através da mídia ou em seminários e congressos, realizados dentro e fora do território paraibano.
No início da década de 1980, pesquisadores norte-americanos denunciaram a destruição pela qual vinham passados os sítios arqueológicos dos Estados Unidos. O problema, que à época encontrava-se fora de controle, foi combatido através de um conjunto de ações públicas e privadas, associadas a publicações de várias leis estaduais, voltadas para a proteção de tais áreas.
Na época, estabeleceu-se que a proteção e a conservação dos sítios arqueológicos situados em terras federais eram da responsabilidade do governo federal dos Estados Unidos. E, graças às leis promulgadas naquele país, milhares de sítios arqueológicos estão protegidos.
No caso específico do Brasil, apesar do texto constitucional garantir a preservação dos sítios arqueológicos e considerá-los como patrimônios da União, a grande parte desses sítios está localizada em áreas aonde o próprio governo federal vem desenvolvendo ou custeando projetos, sem, contudo, avaliar os impactos que tais ações podem causar aos acervos arqueológicos locais.
Todas as formas de desenvolvimento produzem impactos sobre os sítios arqueológicos.
No Brasil, literalmente, nada existe para proteger as áreas consideradas de interesse para a Arqueologia e que se encontrem no caminho do chamado 'desenvolvimento'. E isto mostra a necessidade de um plano nacional de gestão arqueológica.
No Brasil, literalmente, nada existe para proteger as áreas consideradas de interesse para a Arqueologia e que se encontrem no caminho do chamado 'desenvolvimento'. E isto mostra a necessidade de um plano nacional de gestão arqueológica.
É de suma importância que nossos sítios arqueológicos sejam preservados e deles sejam afastadas as ameaças trazidas pelo desenvolvimento, salvaguardando, assim, grande parte da pré-história do homem brasileiro.
Enquanto que recursos financeiros não são direcionados para promover a proteção e a preservação dos sítios arqueológicos brasileiros, deve-se privilegiar a Educação Patrimonial em vários aspectos, tanto através da mídia como em sala de aula, e mais, tanto no campo como na cidade.
Os sítios arqueológicos devem ser sempre vistos como instrumentos de valor e de interesse público. No desenvolvimento de um projeto de Educação Patrimonial voltado para a proteção de nossos sítios arqueológicos, pode-se privilegiar a Arqueologia de Marketing, buscando-se, através de instituições, a exemplo da Sociedade Brasileira de Arqueologia e suas congêneres estaduais, recursos necessários ao desenvolvimento de tais ações educativas.
Ademais, da mesma forma que o discurso ambiental ganhou os diferentes espaços da sociedade, esforços sejam desenvolvidos para que o mesmo também ocorra em relação à proteção e à preservação de nossos sítios arqueológicos. No entanto, em ambos os casos, as ações têm que ir além dos discursos: É PRECISO CONSCIENTIZAR PARA PRESERVAR. E mais, a sociedade também precisa ser educada, conscientizando-se da importância que os sítios arqueológicos representam no processo de revelação do passado do homem e, que jamais tais espaços devem ser vistos como pedras no caminho do desenvolvimento.
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